Uma forma dessa resistência é a formação e articulação de grupos de mulheres, inclusive no projeto parceiro da pastoral rural do Sertão da CPT.
Há anos, a CPT luta pela preservação e pelo desenvolvimento sustentável das terras camponesas ocupadas no Sertão e em muitas outras partes do Brasil.
Desde o início, as mulheres desempenharam um papel importante na organização, implementação e segurança dos territórios conquistados. No entanto, seu trabalho muitas vezes fica em segundo plano devido ao machismo dominante.
Uma iniciativa da CPT liderada por Socorro Ferreira está tentando mudar isso e ajudar as mulheres dos assentamentos a se organizarem, conquistarem independência financeira e fortalecerem a solidariedade entre elas.
As estratégias e atividades variam entre eles. Enquanto um grupo vende comida caseira no assentamento duas vezes por semana, outro grupo produz doces e bolos e os vende em mercados.
As atividades são tão diversas quanto as próprias mulheres, mas todas concordam em uma coisa: “Nosso plano é ganhar dinheiro um dia.” “Vendemos tudo o que fazemos.”
Socorro Ferreira explica que ganhar autonomia e novas experiências desempenham um papel importante: “Uma coisa que vejo repetidamente é que as mulheres se empoderam e se apoiam. Você não está mais apenas ao lado do seu marido. Elas me dizem que decidem por si mesmas se querem ou não comparecer a uma reunião, mesmo fora do assentamento, mesmo que o marido diga para elas não irem. Ela ganha mais autonomia por meio do grupo - para onde vou, quando vou e para onde. Ela não é apenas uma dona de casa, ela é uma mulher que participa.”
Quando perguntada sobre a importância de ter grupos sem homens, uma mulher respondeu: “Porque é mais difícil com homens. Quando você quer organizar uma reunião, ninguém quer participar. Com as mulheres é diferente. Quando decidimos fazer algo como: “Hoje vamos fazer isso!” Então faremos isso também.”
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